20 de novembro de 2011 | By: Luana;
"Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à natureza,
Porque a natureza de ontem não é natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"
Fernando Pessoa
8 de março de 2011 | By: Luana;

Desventuras em série.


Recentemente passei por um período complicado, não mais do que o de muitas pessoas espalhadas pelo mundo, mas esse período me deixou triste, confusa, tomada por uma incerteza e ainda me fez derramar muitas lágrimas, contudo não deixei que esses momentos me controlassem de forma que eu não pudesse ver além. É claro que  não permaneci firme o tempo todo, já que sou humana, mas boa parte do tempo eu me determinei a fazer o possível para realizar o que eu queria e quando cheguei a um limite onde não podia fazer mais nada simplesmente esperei e de um jeito estranhamente milagroso as coisas se resolveram por si mesmas, me surpreendendo muito.
A situação que incomodou por um mês inteiro se resolveu em uma hora apenas, mas se me fosse dado o poder de voltar no tempo e impedir-me de passar por esses dias difíceis, ainda os deixariam transcorrer pela minha vida, pois me orgulho em dizer que aprendi a enxergar certas coisas que por muito tempo permaneceram ocultas para mim.
Descobri realmente que esperar faz toda a diferença, é como se corrêssemos contra o vento, lutando contra um vendaval gigantesco que só quer nos cansar fazendo-nos desistir do objetivo, optando pelos caminhos mais fáceis e curtos; assim, quando simplesmente descansamos e paramos, podemos nos surpreender imensamente, já que existem acontecimentos longe do nosso poder, distantes do nosso alcance.
O sabor de finalmente poder ter um desejo realizado é maravilhoso, é mais maravilhoso ainda quando se percebe que o desenrolar dos acontecimentos se deu por alguém superior a mim, alguém que vê as coisas do alto. E é sempre possível observar com os mesmos olhos, mas para fazer isso sempre, ainda acredito que seja necessário muito treino, através dos problemas, caindo e levantando, desabando e reconstruindo, superando, alcançando, ganhando, mas antes é preciso perder, sofrer, assim, após algumas lágrimas damos o valor que o verdadeiro sorriso merece.
Nunca teremos uma vida perfeita, e também nunca aprenderemos certas coisas através do exemplo alheio, cada indivíduo tem seu jeito de olhar a situação, cada um tem sua própria sabedoria e é a partir daí que formamos quem realmente somos.

"Viver sem problemas é impossível. O sofrimento nos constrói ou nos destrói."
Augusto Cury
10 de fevereiro de 2011 | By: Luana;

Descobrindo Jane Austen.

Sempre tive vontade de compartilhar Jane Austen com as outras pessoas, na tentativa de encontrar alguém que sentisse o mesmo que eu sinto quando leio algum trecho ou assisto ao filme; mas é sempre tudo em vão. Poucos conhecem esse escritora aqui no Brasil, que é tão aclamada nos Estados Unidos e Inglaterra...
Enfim, o fato de não haver pessoas para fundar o meu 'clube do livro de Jane Austen' não me desanima e assim eu continuo a ler e assistir quantas vezes eu sentir que devo fazer isso.
Para começar essa série de posts, quero primeiro esclarecer alguns pontos sobre a vida dessa escritora.

Jane Austen nasceu em Steventon, Reino Unido, no dia 16 de dezembro de 1775 e faleceu em Winchester, também no Reino Unido em 18 de julho de 1817, apesar da mudança da mudança do século XVIII para o XIX ela viveu pouco, apenas 41 anos.Era uma escritora ironica que sempre descrevia seus personagens,apesar de  suas obras serem consideradas 'antigas' são constantemente objeto de estudo acadêmico  alcançando um público bastante amplo.
 Sua  família pertencia à burguesia agrária, sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. A inocência das obras de Austen é apenas aparente, e pode ser interpretada de várias maneiras.
As Obras de Jane Austen marcaram um novo tipo de romance, que diferia dos demais nos temas que abordava. Seus romances contêm uma mensagem instrutiva, asssinalam o bom comportamento e mostram uma espécie de experiência fictícia, mas sempre estão de acordo com a realidade e oferecem, uma história onde os elementos que a constituem se prestam à veracidade dos fatos narrados.
Costuma-se dizer que Jane Austen foi uma escritora isolada da influência de outros de seu tempo e da vida social além da reitoria de Steventon, e da burguesia rural que formava a sociedade que a rodeava.
Isto, no entanto, não está totalmente correto: sabe-se, pelas cartas que se enviavam, ela e Cassandra(sua irmã mais velha), que as duas irmãs Austen viajavam com frequência para a casa de amigos e familiares, e também que Austen estava familiarizada com muitas das obras publicadas na época. Prova disso é a intertextualidade que aparece em suas obras, pois às vezes permite ao leitor formular juízos sobre os personagens através de um simples contraste nas leituras que estes recomendam, ou dos fragmentos de texto que leem. 
As suas obras foram muito elogiadas, até a situaram entre as escritoras mais genuínas em língua inglesa, algumas vezes comparando-a com William Shakespeare, mas também muito criticadas.
Neste aspecto, talvez a pior crítica (e mais conhecida), provém de Charlotte Brontë (autora de Jane Eyre), pois suas opiniões e temperamento eram muito distintos.
Outra crítica famosa está relacionada ao escritor estadunidense Mark Twain que chegou a dizer com desprezo:"Jane Austen? Porque, vou ainda mais longe ao dizer que qualquer biblioteca é boa sempre que não contenha algum volume de Jane Austen. Inclusive se não tem outro livro”.
É claro que antes, não conseguia compreender como alguém pode se referir às obras de Jane dessa maneira, mas estudando e lendo mais um pouco, percebi a crítica feminista que é evidente em seus livros, a situação comum das personagens de Austen: concentração de pequenos grupos familiares, exaltação da importância da amizade e comportamento que ela julgava adequado para a época, sua heroínas são jovens e imaturas, adquirindo poder, nobreza e maturidade ao longo da história. Todas com seus finais felizes, muito melhores do que elas mesmas haviam proposto para si no início do enrredo. Esse estilo pode incomodar alguns autores que gostam de aventuras, luta por mudanças sociais e etc..
Observei outros aspectos nas história, elas não contém muita ação, os cenários são pacatos e interioranos, as diferença de classes sociais são bem aparentes e há sempre uma descoberta sobre o verdadeiro caráter de um ou de outro personagem. As protagonistas são intimistas e os homens em sua maioria possuem uma classe sem igual.

Um bom filme produzido em 2007, é Becoming Jane que em português foi traduzido como  Amor e Inocência, embora pareça a primeira vista mais uma da obras da escritora, é uma ficção baseada em sua biografia. Entre bailes, jantares, jogos de cricket e longos passeios em belíssimos jardins, acompanhamos Jane, em uma excelente interpretação da atriz americana Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) e em uma destas inúmeras ocasiões sociais, ela conhece o irlandês Tom Lefroy (James McAvoy), por quem se sente atraída, ao mesmo tempo em que despreza sua postura esnobe. Qualquer semelhança entre a vida de Jane Austen e suas obras literárias não são mera coincidência! Afinal, as diferenças são logo superadas pelo casal, mas antes que tudo se transfomasse em um escândalo para ser comentado pelos próximos anos pela aristocracia rural de Hampshire, as coisas se complicam e Jane descobre que, se não pode se casar por amor, ao menos pode realizar seus sonhos através da imaginação transformando Tom Lefroy em um dos seus melhores personagens: Mr Fitzwilliam Darcy, de "Orgulho e Preconceito".

 O filme é uma bem temperada mistura de ficção e realidade, recomendado para quem gosta desse tipo de história, cheio de diálogos inteligentes e romances de séculos passados.





23 de janeiro de 2011 | By: Luana;

Nicolau Maquiavel

Nasceu em Florença, 3 de maio de 1469 e morreu por lá mesmo em 21 de junho de 1527, foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras críticas, feitas postumamente por um cardeal inglês, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia.
Toda pessoa que lidera um grupo deveria ler O Príncipe,  já que ele assim se refere há qualquer um que ocupe a posição de governante,seja rei, imperador,presidente, senhor feudal... os pensamentos de Maquiavel são expostos de maneira clara e sempre havia um trecho em que eu me identificava muito, são realmente verdades que não percebemos que existem, fiquei imaginando o tal Nicolau escrevendo, desenvolvendo um tema que jamais havia sido escrito. Isso ocorreu em 1513, até agora o livro mais antigo que li, tirando a bíblia, a linguagem é complicada, mas nada que não se possa entender. O livro contém conselhos e definições, está dividido em 26 capítulos. No início ele apresenta os tipos de principados existentes e expõe as características de cada um deles. A partir daí, defende a necessidade do príncipe de basear suas forças em exércitos próprios, não em mercenários e após tratar do governo propriamente dito e dos motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos na época. É um reforço a intelectualidade e acrescenta muito no modo de pensar de líderes que querem progredir e compreender o que é realmente governar.
Eu poderia colocar inúmeras citações incrivelmente inteligentes, mas colocarei apenas seis.

Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és.

Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.

Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do património.

Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, fazê-lo de uma vez só.

Os fins justificam os meios.
"E na antiguidade e continuidade do poder, apagam-se as lembranças e as causas das inovações, porque uma mudança sempre deixa a saliência para a edificação de uma outra." - essa foi a que eu mais gostei porque nunca havia pensado nisso. A leitura serve para isso mesmo, para mostrar algo que naturalmente não perceberíamos.


23 de dezembro de 2010 | By: Luana;

Vaidade e Orgulho.

''A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos.Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que gostaríamos que os outros pensassem de nós .''

Jane Austen
17 de dezembro de 2010 | By: Luana;

Desabafo.

Eu não me sinto mais confortável com determinadas situações. Espero o tempo curar, mas ele não cura nada, ele se ocupa em passar e acaba nos ultrapassando. Horas tornam-se dias, dias tornam-se meses e meses se tornarão anos, e nada mudará externamente se eu só esperar. Lentamente eu comecei a perceber que algumas coisas que antes me faziam feliz não mais me fazem, isso não significa que me tornei uma pessoa sem alegrias, apenas me vi com extrema necessidade de revê-las. Foi bem simples a princípio, porém, vi que eu havia mudado, tudo ficou tão claro após me examinar cuidadosamente, porque na verdade poucos realmente sabem quem eu sou, então talvez não percebam a minha mudança.Eu aceitei durante muito tempo que me vissem como alguém diferente, especial; esse fato me deixava mais confiante e às vezes, consequentemente mais feliz, só que eu não sou perfeita, tenho tantos sentimentos como outro alguém,sou tão inconstante como qualquer outra adolescente, mas sempre me veem como alguém superior a essas características, e durante um bom tempo eu acreditei que era, mas a grande novidade é : eu não sou.
Agora eu me sinto mais adulta, mas de maneira nenhuma me vejo livre desses sentimentos frágeis e comuns de quem tem minha idade. Eu não me sinto como antes, o que mais me fazia feliz agora me traz poucos prazeres e tudo isso porque eu  não vou mais permitir que ninguém me interprete, é possível perceber que eu sou uma garota normal? Não vou mais deixar que ninguém me ache incapaz de mudar essa imagem que os outros tem de mim. Nunca é tarde demais para mudar, pelo contrário, é uma virtude hoje em dia lutar para ser quem realmente se é. Eu estou cercada de pessoas que acham que com suas atitudes medíocres não vão me atingir porque sou incrível demais, madura demais, mas a realidade é que eu não sou assim, está na hora de dizer o que me incomoda e parar de tentar engolir o que não passa na minha garganta. Agora eu não tenho coragem suficiente de fazer isso, mas vou fazer, eu vou buscar felicidade em outras coisas, mas não vou deixar de encontrá-la porque ela sempre estará por perto, eu só não vou mais perder meu tempo com gente que acha  que me entende e que na verdade não sabe de nada e que inconscientemente me fez sofrer.
Eu aprendi que a primeira pessoa a se sentir satisfeita com a vida deve ser eu mesma, afinal a vida é minha e isso parece óbvio, mas a maioria das pessoas não prestam atenção ao fato de como o tempo passa e elas ficam concentrando suas forças e dedicando suas vidas em fazer os outros satisfeitos sem que elas mesmas se sintam assim. Eu sai dessa lista, hoje. Porque sem querer eu quebrei o meu propósito na vida: SER SEMPRE FELIZ.
7 de dezembro de 2010 | By: Luana;

Os Propósitos ao Sabor da Paixão.

Actor Rei: Acredito, sim, que [tu, actriz rainha] penses o que dizes agora; mas aquilo que decidimos, não raro violamos. O propósito não passa de servo da memória, de nascer violento mas fraca validade. E que agora, como fruta verde, à árvore se agarra, mas, quando amadurecida, despenca sem chacoalho. Imprescindível é que nos esqueçamos de nos pagar a nós mesmos o que a nós é devido. Aquilo que a nós mesmos em paixão propomos, a paixão cessando, o propósito está perdido.

William Shakespeare, in "Hamlet"